quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Controvérsia
A paixão andava pelas esquinas
Achando tudo muito monótono
As pessoas muito ocupadas...
Estava completamente abandonada.
O amor cabisbaixo encontrou-a num esbarrão
Sentaram num banco de praça
Conversaram por um tempo
Reclamaram da situação.
- Ninguém mais tem tempo pra se apaixonar...
- Eu que o diga! Amar então nem pensar!
Entre lamúrias e muxoxos avistaram um ser
Observando o banho de pássaros num chafariz
Aproximaram-se cuidadosos
Olharam bem para o ser que escrevia em um papel
A alegria de ambos foi enorme,
Mas o Amor... este se sentia profundamente feliz
- A humanidade está salva! Gritava, afoita, a paixão
- O Amor, mais sereno, procurava agir com razão
Estavam por tanto tempo esquecidos
Que tinham perdido o jeito.
O Amor então propôs que a paixão fosse primeiro
Preparasse o caminho naquele ser perfeito
Dito e feito.
O ser logo foi tocado e passou a observar tudo a seu lado
O que antes eram palavras no papel, passou a ser poesia
E com o coração aos pulos, o ser sempre escrevia
Completado o tempo da paixão,
Aos poucos o peito adormecia.
Um tempo, então, chegou de profunda calmaria
Quem não soubesse, podia pensar que a vida morria
Mas que nada! Ledo engano dos ingênuos afobados
O que ali acontecia já estava planejado
Dentro do peito do ser, um casulo se formou
Nele, a vida se completava sem pressa, sem temor
No tempo determinado o coração desabrochou
E a poesia harmonizou-se em sinfonia
Mas uma questão infelizmente restou
Amor e Paixão não chegam a um acordo:
O Amor permanece por que o poeta existe?
Ou o poeta existe por que o Amor permanece?
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Holofotes
O raio atingiu a casa:
Queimou o telefone
O computador
A televisão
O rádio
A máquina de lavar
Assustou todo mundo!
Pura pirraça...
Queria atenção só pra ele
Queimou o telefone
O computador
A televisão
O rádio
A máquina de lavar
Assustou todo mundo!
Pura pirraça...
Queria atenção só pra ele
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Para...
...Boca suja,
pimenta
...Brincadeira,
pião
...Filme,
pipoca
...Mágoa,
perdão
...Boca amarga,
pudim
...Exercitar,
peteca
...Diversão,
praça
...Paquera,
pêra uva maçã
...Voar,
pipa
...Deslizar,
prancha
...Correr,
pique-pega
...Descansar,
pernas pro ar
...Coçar,
piolho
...Tirar,
pente fino...Não pegar,
perfume de alfazema
...Festa,
pirulito
pula-pula
pé-de-moleque
...Peraltice,
pirralho
...Dengo,
pimpolho
...Pampas,
piá
...Vela,
parabéns
presente
...Pirraça,
palmada
...Alegria constante,
palhaçada .
...Pôr fim no poema,
ponto-final.
domingo, 26 de dezembro de 2010
Forma
Qual a forma da saudade?
A de um abraço
Quando tudo que queremos
É sentir outra vez
O corpo do outro.
A de ondas sonoras
Quando é imprescindível
Ouvir de novo
Aquela voz!
A do ar em movimento
Quando é o perfume alheio
Que nos alimenta
A de boca
Se morremos pela distância
Do beijo mais que desejado
Qual a forma da saudade?
A tua completamente.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Soul
Dentro de mim
Há lugares secretos
Que mesmo eu
Temo vasculhar
Sentimentos incompreensíveis
Tristezas encobertas
Paixões inconfessáveis...
Dentro de mim
Há túneis
Que levam aonde temo chegar
São repletos
De enigmas
Convidam-me a ter coragem
E eu quero me acovardar
Dentro de mim
Há vias sinuosas
Coloridas
Abrasadoras
Cheirando a sedução
Experimento-as com receio
De contaminar meu coração
Feito criança brinco com fogo
Esquento-me
Mas não me deixo queimar
Provoco
Mas não me deixo levar
Ando sobre o fio
Mas com cordas pra segurar
Tento viver
Reviver
Sobreviver
Sem ser consumida por esta fogueira
Que existe dentro de mim.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Ser
Adoro a sensação
Da água que desce por minha garganta
amainando a sede
Da chuva que me molha abrandando o calor
Da tarde virando noite bordada
Do vento acarinhando meu rosto
Do tecido leve e macio confortando meu corpo
Adoro a sensação
Da palavra dita com amor
Do sorriso correspondido no momento exato
Da mão que encontra seu par
Dos olhos que se veem noutro olhar
Adoro a sensação
De ser indivíduo, único
De ser comum, plural
Do meu rosto se parecer com outros
Do meu rosto ser somente meu
Adoro a sensação
De ser especial
E de conviver com outros tão especiais quanto
Adoro ser parte
Ser todo
Ser humano!
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Íntimo
Uma é conhecida
Amada
Tranqüila
Amiga
A outra,
Misteriosa
Esperta
Dissimulada
Uma:
Contida
Santa
Previsível
Sofredora
Outra:
Extrovertida
Assanhada
Profana
Surpreendente
Desconhecida
Uma lê
Outra escreve
Uma ouve
Outra canta
Uma cala
Outra expõe
Uma timidez
Outra delírio
Uma revelada
Outra disfarçada
Uma sim
Outra talvez
Uma amor
Outra paixão
Uma e Outra enclausuradas
Limitadas no mesmo ser
Uma querendo ser Outra
E Outra querendo ser Uma.
Amada
Tranqüila
Amiga
A outra,
Misteriosa
Esperta
Dissimulada
Uma:
Contida
Santa
Previsível
Sofredora
Outra:
Extrovertida
Assanhada
Profana
Surpreendente
Desconhecida
Uma lê
Outra escreve
Uma ouve
Outra canta
Uma cala
Outra expõe
Uma timidez
Outra delírio
Uma revelada
Outra disfarçada
Uma sim
Outra talvez
Uma amor
Outra paixão
Uma e Outra enclausuradas
Limitadas no mesmo ser
Uma querendo ser Outra
E Outra querendo ser Uma.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Nova
Fiz as malas
Limpei as gavetas
Joguei fora as recordações
Mudei de rumo
Parti.
Passos firmes em direção ao desconhecido
Coração descompassado pela ansiedade
Resolvida .
Cabelos pintados
Visual renovado
Caminho novo
Vida nova
Nunca mais você
Nunca mais você e eu
Tudo perfeito.
Fiz as malas
Limpei as gavetas
Joguei fora as recordações
Decidi ser só eu ... e a saudade.
domingo, 12 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
Dependência
Saudades da bebida
Que bebia da tua boca
Gosto sem igual
Que nunca mais senti
Saudades do teu suor
Misturado ao meu
Colando nossos corpos
Numa simbiose perfeita
Saudades do descontrole da minha alma
Do descontrole da minha mente
Do descontrole dos nossos corpos
Do gozo iminente
Saudades da minha alegria com você
Da minha mão na sua
Do teu abraço carinhoso
Do vinho tomado juntos
Da conversa cotidiana...
Saudades de ti
Saudades de mim
Saudades de nós
Saudades sempre.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Intrusa
Aquela saudade, velha conhecida,
chegou hoje sem aviso,
sem arranjar desculpas
Instalou-se dona do pedaço.
Sentou na sala de estar,
colocou os pés sobre a mesa.,
mudou o canal da tv.
De soslaio, olhou-me com um sorriso irônico
E eu de novo pensando em você.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Birra
Não quero beijos
Não quero abraços
Quero estar só
Quero ouvir minha respiração
Quero ouvir meus pensamentos
Desliga o som da chuva que cai lá fora
Desliga o barulho dos grilos
Desliga o coral de sapos
Manda o vento parar de cantar com as árvores
Quero ouvir a melodia que toca em meu peito
E adormecer.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Lenitivo
Sonhos se acotovelam
Pensamentos se esbarram
A vida comprime
A razão sufoca
A pele se contrai
O suor escorre
O ego acredita
A visão se confunde
A língua engrossa
O coração descompassa
O jeito é fruir a paixão
É fazer poesia.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Bolero
Laça-me
enlaça-me
Entrelaça-me
aprisiona-me
Entreteça comigo uma nova história
Ate teu corpo ao meu
Sujeite minha alma à tua
Não me deixes fugir
Combine um final feliz
Amalgame nossas vidas
Torne os segundos em horas
Torne as horas em dias
Torne os dias em semanas
Torne as semanas em meses
Torne os meses em anos
Torne o temporal, eterno
Caminhemos
Vamos juntos até o fim.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Canção para ti, amiga
A Márcia Lopes
Com sutileza de gestos
Com delicada presença
Com seu amor manifesto
Com bondade sem detença
Com firmes suaves passos
Com paciência e doçura
Com sorrisos sempre largos
Com elegância e ternura
Cativas porque tu és
Porque tens sabedoria
Não se dobra ao revés
Não demonstra covardia
Claridade, águas puras
Coração sempre aberto
Alma limpa sem ranhuras
Amizade em concerto
Com sutileza de gestos
Com delicada presença
Com seu amor manifesto
Com bondade sem detença
Com firmes suaves passos
Com paciência e doçura
Com sorrisos sempre largos
Com elegância e ternura
Cativas porque tu és
Porque tens sabedoria
Não se dobra ao revés
Não demonstra covardia
Claridade, águas puras
Coração sempre aberto
Alma limpa sem ranhuras
Amizade em concerto
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Salto
Subi a montanha com os pés descalços
Abri-me para ter o infinito
Sorvi toda beleza que lá havia
Rasguei o peito num forte grito
Deixei que o sol minha pele queimasse
Deixei a chuva encharcar meu corpo
Deixei flores ornarem meus cabelos
Deixei minh’alma semear renovo
Mergulhei sem reservas do pináculo
Olhos fechados sem medo ou senso
Coração aberto para a paixão
Por ti ultrapassei os obstáculos
Voei sem lenço e sem documento
Transformei em morada teu coração
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Sede
Quanto me faz falta
Não ter te amado loucamente
Não ter fugido contigo para outro planeta
Não ter rompido barreiras
Não ter enlouquecido por você
Quanto me faz falta
O gosto da sua pele
Da sua saliva
O som da sua voz
O toque da sua mão
O teu desejo louco
A tua paixão
Quanta falta me faz não ter vivido tudo
Até o fim
Até o infinito
Até ...
domingo, 28 de novembro de 2010
Azul
Anel de princesa
Veludo de filme
Jardim de violetas
Buquê de hortênsias
Vista da Serra dos Órgãos
Bonito mergulho na lagoa
Ararinha no espaço
Céu de lua nova
Blues etílicos
Índigo blues do Gil
Azulejar com Djavan
Bleu sem blanc ou rouge
Blau
Blu
Imensidão
Infinito
Firmamento
Mar
sábado, 27 de novembro de 2010
Vermelho
Corpos confundidos
Suores misturados
Toques sutis
Toques desesperados
Palavras sussurradas
Mordidas
Beijos
Tensão
Peito arfante
Prazer
Descontrole
Paixão
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Lilás
Depois do abraço
Depois do beijo
Depois do amor
Depois do incêndio da paixão...
A calma ligeiramente agitada
O transe do êxtase
A pele arrepiada
O corpo ainda trêmulo
A respiração sossegando
A púrpura flor desbotando.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Mornidão
Não venta
Não faz calor
Não faz frio
Mar sem ondas
Dias sem tardes
Comida sem sal
Matas sem verde
Jardins sem flores
Olhar sem visão
Toque sem sentido
Boca sem teu beijoAmor sem paixão
Paixão sem você
Eu, sem teu desejodomingo, 21 de novembro de 2010
Secreto
Ah! Este amor que não me abandona
Não arrefece
Não desanima
Quando o dou por esquecido
Volta à tona
Ah! Amor segredado
Sussurrado em teus ouvidos
Quando o dou por perdido
Revela-se encontrado
Ah! Amor que soluça
Que aprisiona meus pensamentos
Que fere meus lábios com paixão
Que me queima a pele
Que destrói a razão!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Pra sempre
Eu passei
Você piscou pra mim
Fingi que não vi
Eu passei
Você mexeu comigo
Sorri
Eu passei
Você falou comigo
Respondi
Eu passei
Você: “quer namorar comigo?”
Eu disse sim.
Agora
Você passou
Foi embora pra sempre
E eu?
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
A fuga.
Descemos a rua de mãos dadas. “E se alguém nos visse?” meu coração não parava de perguntar, mas apesar do medo que juntos respirávamos, estávamos decididos. Seria assim!
A escuridão da rua repleta de árvores, a neblina, o silêncio, nada nos assustava mais do que a possibilidade de sermos surpreendidos.
Apertávamos a mão um do outro. Olhávamos um pro outro. A cada olhar nossa certeza crescia.
Chegar até o final da rua, pegar um ônibus, sumir! Era só no que pensávamos. Com certeza daríamos uma resposta a todos que queriam nos impedir de vivermos uma grande história de amor.
O ônibus surgiu no meio da madrugada fria com grandes faróis acesos. Olhamo-nos com a felicidade estampada em nossos rostos. Conseguiríamos!
Entramos juntos, ao mesmo tempo, quase correndo. O motorista sorriu. “Cuidado se não quebra!” Não entendi. Não importava, porém. Estávamos a alguns minutos de ganhar o mundo, a liberdade de sermos felizes.
Uma ambulância passou por nós em disparada. Tive pena de quem precisava dela àquela hora, mas não deixei que isso roubasse minha alegria. Debrucei minha cabeça no ombro do meu amor e senti-o me abraçar com uma ternura inédita. Mais uma vez nossos olhos revelavam todo o sentimento de nossos corações.
A ambulância estava na rodoviária, algumas pessoas se aglomeravam. Certamente alguém se acidentara e devia estar caído por ali.
Saímos do ônibus. O motorista mais uma vez sorriu “Você devia tê-lo embrulhado, ficaria mais protegido.” Pensei: “embrulhar o quê?” Na calçada um estranho homem aproximou-se e se ofereceu para levar nossas bagagens. Aceitamos. Estávamos cansados com a correria.
Gentilmente nos levou até o ônibus e nos acomodou. Partimos! Estava feito! Ninguém mais impediria a nossa felicidade...
- Você viu? Era ela!
- Ela quem?
- A mulher do espelho.
- Aquela que anda com um espelho dizendo que é o noivo dela?
- Essa!
- Dizem que ficou louca ao ser abandonada no altar. A família não aceitava o casamento e deu dinheiro pro noivo fugir.
- Nossa! Coitada...
_ Já faz muito tempo, mas até hoje ela tenta realizar o sua história de amor.
sábado, 13 de novembro de 2010
Recado - Ao amigo Paulo Francisco no seu aniversário!
Abra a janela
Respira fundo
Vê o lindo presente da vida
O ar cheira a flor
A mata está colorida
Abra o peito
Respira fundo
Há possibilidades infinitas
Tua existência é única
Deixa este tambor cordial ribombar
Abra a boca
Solta a voz
Permita ser conhecido
Não deixes nada escondido
Liberta tua alma
Escreve tuas linhas
Permita ao sol entrar
- Por acaso não és poeta?
Tua missão é cantar.
Canta se choras
Canta se sofres
Canta se alegre estás
Quando o canto enrouquecer
Canta !
Pois quem te ama
Adora ver-te cantar.
Singeleza
Quero bailar contigo
Fazer para ti algo surpreendente
Quero bailar contigo
Viver contigo apaixonadamente
Quero bailar contigo
Perder-me de prazer sobejamente
Quero bailar contigo
Beijar-te o corpo demoradamente
Quero bailar contigo
Viver cada momento intensamente
Quero bailar contigo
E ser sua eternamente!
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Inveja
Sem ser convidada, chegou.
Estabeleceu-se senhora de si
Tanto para olhar
Tanto para desejar
Tanto para ter...
Contorceu-se.
Verteu das entranhas um sumo gosmento
Adesivou sua fome nos incautos
Transformou pessoas em víboras.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Ciúme
O veneno primeiro contaminou o sangue
Gota a gota, silenciosamente, espalhou-se
Tornou os olhos inquietos
O sorriso desconfiado
As palavras ferinas
Impôs ao peito uma dor cruel
À mente uma loucura infinda
À alegria, desconfiança...
Os passos antes firmes
Vacilaram
As mãos antes solidárias
Claudicaram
O amor antes eterno
Pereceu.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Natural
No verão,
O ribombar das nuvens no céu
Os raios flamejantes no horizonte
As fortes chuvas sobre minha vidraça
A água escorrendo farta sobre as sarjetas
O colorido arco-íris no final da tempestade
O sol que queima o meu corpo impiedosamente
A sombra prazerosa das árvores
Lembram-me de ti
No outono,
A claridade ofuscante do dia
As folhas bailando ao vento
O vento tocando em meu corpo
O azul infinito do céu
O límpido luar sobre as montanhas
Lembram-me de ti
No inverno,
A fina chuva que cai
O intenso frio que machuca
O vinho que embriaga
O fogo que aquece
Lembram-me de ti
Na primavera,
A exuberância das cores
A beleza das flores
O canto dos pássaros
O sol e as gotas da chuva
Lembram-me de ti
Em ti, todos os meus sentidos são tempestades
Enchentes incontroláveis de desejo
Gritos inaudíveis
Faíscas intermináveis de paixão
Calmaria de prazer
Em ti, clareio, esclareço quem sou
Sou livre, solta no tempo
Montanhas de segredos revelados
Límpida vista de mim
Prisma multicor
Em ti, me aconchego
Fujo, aninho-me
Embriago-me de tudo que és
Em ti, sou múltipla
Inédita,
Rara
Inauguração
Recomeço
Sou o que sou.
domingo, 7 de novembro de 2010
Esperança
Arrumei-me toda
Vesti-me de esperança
E fui para a janela
Debrucei-me sobre as flores
Da mais bela jardineira
Afinei minha voz
Cantei a alegria
Expulsei a tristeza
Refleti a luz do dia
Coloquei grinaldas de felicidade
Um anel de diamantes
Ofusquei toda a vizinhança
Fiquei toda vaidosa
Colhi até uma rosa
Vesti-me de esperança
O dia tornou-se noite
E eu brilhava mais que as estrelas
A lua se escondeu
Quando viu minha beleza
Mas meus olhos ficaram cansados
De olhar para o portão
Pra você, o cenário mais lindo
Por você tornei-me a mais bela
Vesti-me de esperança
Mas você não veio.
Romantismo
Meu coração vagueia
Entre o passado e o futuro
Quer mundos que não pode ter
Suspira
Sonha
Evade-se
Ultra-romântico coração
Deprime-se com o presente
Cavalheiresco
Herói
Medieval
Meu coração vagueia
Noturno
Taciturno
Por caminhos de ilusão
Meu coração é vasto
Imenso, infinito
Cabem nele mundos distantes
Imaginários ou reais
Nele há o verso mais bonito
O verso ainda não dito
O amor sofrido
Aquele não vivido
Toda a dor, todos os ais.
Neste hipertrofiado músculo
Cabe todo o universo...
Mas não cabe a razão.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Epitáfio
A lembrança
que mais dói
é a do meu pai.
Seja por sua força
Seja por sua ternura
Seja por sua amizade
Seja por sua sabedoria
Seja por seu desprendimento
Seja por seu amor
distribuído generosamente entre todos...
Seu Sebastião
Seu Tião
Tião.
O enorme coração onde cabia todos
traiçoeiramente o levou cedo demais
Ficou a dor
A saudade
do som da sua voz
gravado em meus ouvidos
da doçura do abraço apertado
marcado em meus sentidos
Dos seus gostos preferidos
Da imensa alegria
de chamá-lo de pai e ouvi-lo responder.
- Pai! A falta de resposta dói demais!
domingo, 31 de outubro de 2010
Sozinha - contos mínimos XII
O sono saiu pela janela
A saudade entrou pela porta e pôs-se a ver televisão com a insônia.
Ela, que não expulsara nem convidara ninguém, fez sala.
Segredo
A palavra que nunca foi dita
Grita, agora, em meus ouvidos
O gesto que nunca foi feito
Contorce minhas mãos
A imagem que não quis ver
Está estampada em meus olhos
O perfume que não senti
Sufoca minhas narinas
O toque que recusei
Desperta meu desejo...
Estremeço
Fujo
Nego
Mas todos os meus sentidos
Pedem você
sábado, 30 de outubro de 2010
Areia
Fina, seca, translúcida, vítrea
Temporal, tempestuosa
Escrita, proscrita
Vista, revista
Portadora de sentimentos
De mensagens indeléveis
Sonhos impressos
Desenhos gravados
Arte anônima
Castelos grandiosos
Esculturas criativas
Corações expostos
Levados pelo vento
Brilho
Deserto
Solidão
Caminho
Passagem
Provação
Traiçoeira
Movediça .
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Revelação
Eu não me conheço
Ele não me conhece
Sou enigma
Segredo guardado a sete chaves
Palavra presa
Pensamento impedido
Mãos atadas
Passos não dados
Meia luz
Porta entreaberta
Desconhecida
Prestes a explodir.
- Tu não me conheces!
"Gente é pra brilhar..."
Gosto de gente
Tímida
Descontraída
Extrovertida
Calada
Falante
Feliz
Gosto de gente
Par
Ímpar
Igual
Única
Gosto de gente
Humana
Sensível
Atenta
Perspicaz
Gosto de gente
Animada
Ativa
Sossegada
Artista.
Gosto de
Tião
Ledilce
Alfredo
Adriana
Márcia
PH
Manoel
Manuela
Lenir
Hélio
José
Josélia
Rodoval
Amaro
Jorge
Rosa
Maria
Joaci
Rogério
Murilo
Marcelo
Daniel
Luan
Kamille
Lys
Gente com o mesmo sangue
Paulo Francisco
Cláudia
Vinicius
Márcia
Gente com a mesma alma
Gosto de gente
Que erra
Acerta
Que humaniza
Que poetisa
Que simplesmente existe!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Enfrentamento - contos mínimos XI
No caminho da menina, uma perereca estática.
A menina chora com medo.
A perereca, impassível, permanece imóvel.
Uma não entra e a outra não sai.
on line - contos mínimos X
Anos depois, voltaram a namorar. Desta vez pela internet. E descobriram que, virtualmente, eram feitos um pro outro.
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