domingo, 29 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Aviso:






Dobre a esquina com cuidado

Seu amor pode estar aí por perto

Preste atenção no seu próximo passo

Seu amor pode estar aí por perto

Fique atento, fique ligado

A felicidade pode estar ao seu lado

Reduza a velocidade

Olhe, procure, observe

Você pode ser o próximo da lista

Da ventura de encontrar um grande amor!

Greta garbo



Basta!

Chega de movimento

Aplausos

Vozerio

Aglomeração

câmeras

Luzes

Holofotes

Tensão

Quero a solidão

O escuro

O silêncio

O anonimato.

Deixem-me!

Quero brilhar

Só.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cacofonia






Não ouço!

Os carros passam

As buzinas tocam

As pessoas falam

As pessoas gritam

Não ouço.

Faz silêncio em mim

VIII

A tarde vestiu


De azul-marinho bordado

Montanhas e céu.

Feminina








às vezes mais

às vezes menos

às vezes simplesmente sou

quando transbordo, escrevo



às vezes paz

às vezes drama

às vezes tristeza,

às vezes alegria:

quando transbordo, poesia



às vezes menina

às vezes mulher

às vezes incógnita

às vezes revelação

e o que era segredo, canção



às vezes simples

às vezes complexa

ás vezes noite

às vezes dia

às vezes mudo

às vezes melodia

Eufonia

Pássaros cantam na janela

Vento assobia nas árvores

Sapo coaxa no rio

Ruído do frio lá fora

Ruído de amor aqui dentro.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Caetano Veloso - Os Argonautas

De mal


                                                                                (Para Pchico)

Chega dos solavancos

Das tempestades

Do vaivém

Quero o porto.

Calmaria

Vento fraco

Sol ameno.

Quero não ir a lugar algum

Quero estar

Permanecer

Ficar

Quero o porto

Terra firme

Pés no chão

Climatização de estufa

Planejamento diário

Quero deitar na rede

Não quero balançar

Nem sorriso

Nem choro

Nem Direita

Nem Esquerda

Centro!

Calem Caetano!

O porto, sim

O porto sim!

O barco, não!

Amém

domingo, 8 de agosto de 2010

Delírio.




A igreja esta enfeitada
Flores, tapete vermelho, castiçais...
No altar um órgão de tubos tocando a marcha nupcial.
O noivo de meio-fraque, mal cabe em si de tanta felicidade.
A porta se abre. Primeiro dama, pajem e pétalas de rosas. Todos se levantam. Todos querem ver a noiva. “Deve estar belíssima!”
- Dna Neuza! Dna Neuza!
- Agora não! Vou entrar na igreja.
- Está bem, mas não demore muito dessa vez.
-Vou pedir ao padre para ser mais breve.
- Isso! Diga a ele que está na hora do seu banho.
- Tá. Tá bom!
A marcha toca suavemente, bem baixinha, só para Neuza ouvir.

sábado, 7 de agosto de 2010

A decisão




O telefone tocou uma, duas... várias vezes.
Depois foi a vez da campainha, da buzina, do entregador de flores.
A caixa de e-mails superlotou.
Todos sem resposta.
Fechou portas e janelas. Tornou o dia em noite.
Trancada em casa, chora. Relembra e torna a chorar.
Caiu na armadilha: preferiu sofrer a perdoar.

VII


Três pássaros juntos
Será que são pai, mãe e filho
Voando na mata?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ousada


Não respiro
Penso em ti
Minha alma estremece
meu corpo.
Penso em ti
Sinto tua mão percorrendo meu corpo
Forte, ávida, sedenta.
Sinto tua boca na minha boca,
a tua língua na minha
Intimidade sem fim...
Doce sabor que só a paixão tem
Sinto-o em meus seios
Mordendo-me de prazer
Quero mais dessa dor!
Sinto-o em mim
Num ir e vir que não quero terminar.
Sinto
Sinto
Sinto...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Moleca



(Para Manu)

Gira
Rodopia
Dança
Leve vento toca seu vestido
Esvoaça
Solitariamente bela
Nada é mais
Diante dela

Gira
Rodopia
Dança
Ecoa no ar sua gargalhada
Nada se ouve além dela

Brisa leve
Vento forte
Ventania
Mansidão
Silêncio
Calmaria
Dorme a menina no final do dia

domingo, 1 de agosto de 2010

Leonor




Para quem a conhece de perto, Lelê.
Menina sapeca, aventureira. Sempre está onde não deve.
Pula muro, sobe em árvores, desce a ladeira trepada num carrinho de rolimã, faz manobras impossíveis com sua bicicleta.
A mãe promete uma surra todo santo dia. Que nada! Lelê pula a janela, corre em disparada. A mãe nunca a alcança. Dá risadas! Alegra a rua!
- Lelê caiu!
Cavalo malvado, abandonado, derrubou Lelê.
A rua está triste. Lelê tá quebrada.
Não tem mais risadas, nem surra de mãe.

Teresa


Teresa

Ela rodopia pelo salão. Seu longo vestido bordado, sua tiara de pérolas, o cabelo bem arrumado. Debuta.
O primeiro é o pai. Orgulhoso, não cabe em si diante da beleza radiante da menina-moça. Aos olhos de todos apresenta-a, sabendo que até ali fez o melhor. Teresa sorri. Seu sorriso combina com a tiara, com o lindo vestido branco, com sua pureza de menina.
O segundo é o irmão. Cumpre seu papel, mesmo achando que “paga mico” . Ama a irmã ainda que não revele. Novamente, Teresa é só sorriso. Graciosamente, ela baila consertando, sutilmente, os tropeços do irmão.
O terceiro. Ah! O terceiro...
Secretamente seu coração dispara. Suas mãos agora suam. Ninguém sabe, ninguém percebe. A menina que dançou com o pai e com o irmão deixa de existir.
Surge a moça apaixonada, arrepiada pelo toque da mão  em sua fina cintura. Os lábios, agora, desejam mais que sorrir. Querem sentir.
Ninguém sabe, ninguém percebe, mas para ela somente agora a festa começou.

VI


Previsão celeste:
Andorinhas revoando
Mudança de tempo

V


Mar e céu azuis
Amplidão horizontal
Carícia de vento.