sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mal traçadas linhas





Paulo, meu amigo




Ouço Fagner no computador e sinto saudades de ti.

Lembrei-me do tempo do Ensino Médio, 2º grau – como era chamado na época . Dos nossos recreios musicais. Dos seus LPs da Bethânia, do Fagner, Caetano e tantos outros.

Lembrei-me do seu deboche premeditado e irritante que tirou muita gente do sério.

Lembrei-me das muitas gargalhadas que demos juntos, batendo samba nas carteiras da sala de aula.

Lembrei-me do remelexo da Ameixão no “Menina, que dança é essa que o corpo fica todo mole?” – Acho que era assim.

Lembrei-me das fofocas, do pobre do Renildo, do “Marcos à procura da mãe.”, da C-10, da Soninha – quando você gostava das bem magrinhas.

Faz tempo...

Lembrei-me também de nossas tardes na Rua Juruema, estudando Matemática, das festas da turma para conseguir o dinheiro da formatura.

Quem diria que nossa amizade duraria tanto tempo!

Passamos por muito, continuamos amigos.

Somos do tempo do vinil, das últimas canções de protesto da quase morta Ditadura, da calça cocota, do três em um, das festas com jogos de luz.

Faz tempo...

De adolescentes, nem-tão-rebeldes-assim, tornamo-nos adultos sensatos, pais, às vezes como os nossos; às vezes nem tanto.

Belchior! Elis! – nunca me esqueci do seu telefonema quando a Elis morreu: “Como ela foi fazer isso comigo?”

Lembrei-me hoje do quanto tempo ficamos separados cuidando de nossas vidas e de quão mentirosa foi e é esta separação. O próprio tempo já provou. Somos amigos desde a época em que se escreviam cartas como esta e já que não somos mais tão passionais, devemos continuar assim.


De sua amiga,

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nostalgia






Mergulho
Encharco-me
Embebedo-me
Recebo-a educadamente
Danço com ela sob a luz da lua
Tomamos vinho
Ouvimos música
Conversamos...
Deixo que um nó, levemente,
Aperte minha garganta
Depois de tudo, despeço-a!
Mando-a embora sem cerimônia


E a vida continua, surpreendentemente,
Renovando-se

sábado, 13 de agosto de 2011

Contrários




Vou aos ares num impulso
Volto à terra pés no chão
Vou aos ares na vertigem
Volto ao pó, à razão
Ora sou ave liberta
Ora raízes profundas
Ora de braços abertos
Ora com pesada paixão
Ora gargalhada estridente
Ora lágrimas, comoção...
Mas é no átimo de tempo
No equilíbrio do pêndulo
Que reside meu coração

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

domingo, 7 de agosto de 2011

Solarium

Deixo o sol explorar minha pele
Seu toque delicadamente invernal
Arrepia-me
Aconchega-me
Reaviva-me
O sol
Toca
Tudo
Que sou
Clareia
Esclarece
Ilumina
Sem subterfúgios
Torno a ser
Estampa de vida
Desnudada
Exposta
Querendo
Nesta
Manhã
Nova
Ser.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Invisibilidade


Ninguém via, mas havia sangue no chão.
Ninguém via, mas havia um corpo no chão
Ninguém via, mas havia uma alma no chão
Ninguém via, mas havia lágrimas no chão
Ninguém via, mas no chão estava escrito fim...
Só que ninguém via
Ninguém viu
Ninguém vê