sábado, 24 de setembro de 2011

Oásis

Jogo-me numa cadeira de balanço imaginária, em uma varanda imaginária, em frente a um jardim que fica diante de um mar azul imaginário. Sinto o cheiro da brisa e os minúsculos respingos do mar. Abro os braços, fecho os olhos, sorrio feliz.

Giro.

Em volta somente a imensidão, imagino. Respiro fundo. O ar fresco alimenta delicadamente tudo em mim. Estou plena, imagino. Nada falta. Ao fundo ouço realmente Califórnia Dreamin’ com Rosa Maria. Viajo sem vontade de voltar. Descanso, então.

domingo, 18 de setembro de 2011

Olhos nos olhos


Meus olhos são naves partidas
De um planeta distante
levando sonhos
levando desejos
levando saudades
levando confissões mudas...


Meus olhos são naves partidas
De um íntimo desconhecido planeta
Levando lágrimas
Levando confidências
Levando tristezas
Levando alegrias...


Meus olhos são naves perdidas
Passando por galáxias
Passando por constelações
Passando por buracos negros
Cruzando o infinito


Meus olhos são naves
Que na imensidão do universo
Encontra abrigo
Somente nos teus.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

domingo, 4 de setembro de 2011

Acordos do tempo






_Filho, cuidado! Você vai se machucar...
_Pai, o senhor não pode mais comer isso!
_É assim que se faz. Tenta você agora.
_Não, pai. É muito pesado. Você não tem mais idade...
_ Deixa, filho, que o papai pega.
_ Já tomou seu remédio da pressão?
_ Já fez a lição?
_ Tá na hora de dormir.
_ Não consegue dormir, pai?
_ Durma bem, filho!
_ Durma bem, pai!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mal traçadas linhas





Paulo, meu amigo




Ouço Fagner no computador e sinto saudades de ti.

Lembrei-me do tempo do Ensino Médio, 2º grau – como era chamado na época . Dos nossos recreios musicais. Dos seus LPs da Bethânia, do Fagner, Caetano e tantos outros.

Lembrei-me do seu deboche premeditado e irritante que tirou muita gente do sério.

Lembrei-me das muitas gargalhadas que demos juntos, batendo samba nas carteiras da sala de aula.

Lembrei-me do remelexo da Ameixão no “Menina, que dança é essa que o corpo fica todo mole?” – Acho que era assim.

Lembrei-me das fofocas, do pobre do Renildo, do “Marcos à procura da mãe.”, da C-10, da Soninha – quando você gostava das bem magrinhas.

Faz tempo...

Lembrei-me também de nossas tardes na Rua Juruema, estudando Matemática, das festas da turma para conseguir o dinheiro da formatura.

Quem diria que nossa amizade duraria tanto tempo!

Passamos por muito, continuamos amigos.

Somos do tempo do vinil, das últimas canções de protesto da quase morta Ditadura, da calça cocota, do três em um, das festas com jogos de luz.

Faz tempo...

De adolescentes, nem-tão-rebeldes-assim, tornamo-nos adultos sensatos, pais, às vezes como os nossos; às vezes nem tanto.

Belchior! Elis! – nunca me esqueci do seu telefonema quando a Elis morreu: “Como ela foi fazer isso comigo?”

Lembrei-me hoje do quanto tempo ficamos separados cuidando de nossas vidas e de quão mentirosa foi e é esta separação. O próprio tempo já provou. Somos amigos desde a época em que se escreviam cartas como esta e já que não somos mais tão passionais, devemos continuar assim.


De sua amiga,

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nostalgia






Mergulho
Encharco-me
Embebedo-me
Recebo-a educadamente
Danço com ela sob a luz da lua
Tomamos vinho
Ouvimos música
Conversamos...
Deixo que um nó, levemente,
Aperte minha garganta
Depois de tudo, despeço-a!
Mando-a embora sem cerimônia


E a vida continua, surpreendentemente,
Renovando-se

sábado, 13 de agosto de 2011

Contrários




Vou aos ares num impulso
Volto à terra pés no chão
Vou aos ares na vertigem
Volto ao pó, à razão
Ora sou ave liberta
Ora raízes profundas
Ora de braços abertos
Ora com pesada paixão
Ora gargalhada estridente
Ora lágrimas, comoção...
Mas é no átimo de tempo
No equilíbrio do pêndulo
Que reside meu coração