segunda-feira, 31 de maio de 2010

Íntimo








O sol entra atrevidamente pela janela do quarto. É de manhã.
Vira-se para o canto numa tentativa quase infantil de se rebelar . Não quer levantar! Não quer ver o sol! Não quer ver ninguém!
Mas isso não é possível. Resignada, olha para o relógio, desliga o alarme antes que ele dispare e levanta-se.
À beira da cama, olhando para o chão, pensa em como vai enfrentar mais um dia. Não tem jeito.
Entra no banheiro, olha-se no espelho e sai. Na cozinha prepara um café: com certeza, vai se sentir melhor depois de tomá-lo.
Abre o guarda-roupa, pega uma calça preta, uma blusa preta,sapatos pretos.
Nem percebe que o sol ilumina lá fora um lindo dia cheio de cores.
Toma o café, assiste ao noticiário na TV: as mesmas notícias de sempre. Nada de novo!
Precisa tomar um banho rápido para não sair atrasada. O chuveiro sempre ajuda.
A água desce quente pelo corpo. Sai mais animada agora. Ajeita-se diante do espelho e sente uma leve esperança. Resolve não pôr a blusa preta.
Desce as escadas, cumprimenta o porteiro.
Uma música no carro dá um novo sentido a manhã de montanhas azuis. Faz planos. Novamente uma leve esperança enche seu coração.
Todo mundo corre. Horários apertados, sonos incompletos, preguiça.
Sorri. Brinca com um, cumprimenta outro.
Ninguém sabe do seu coração: “Bom dia!” “Tudo bem?” A resposta é a de sempre. E a alma se aperta. Ninguém sabe.
Na cabeça um monte de planos. O dia corre, a vida corre... A alma se aperta.
Novamente em casa. Os planos arrojados de mudança se calam. A vida segue.
A alma se aperta.

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