sexta-feira, 20 de novembro de 2015
sábado, 29 de agosto de 2015
terça-feira, 21 de julho de 2015
Parceria
Ela esperava um mar de rosas
Ele o paraíso
Ela queria o príncipe encantado
Ele a garota da capa
Ele e ela diferentes
ele e ela juntos
meia dose de cada
dose inteira de amor
sexta-feira, 5 de junho de 2015
terça-feira, 7 de abril de 2015
Alternativa
Dos muitos caminhos,
Das muitas opções,
Dos milhões de sorrisos,
Dos vários rostos,
Do vozerio,
Do barulho,
Dos momentos vividos,
Dos momentos por viver,
Importa uma escolha:
A certa.
sábado, 28 de março de 2015
Amizade
Ouço Álibi com Djavan e sinto falta de você. Sinto falta das gargalhadas debochadas e da
batucada na carteira da escola durante o recreio.
Recreio! Era o nome perfeito. Nós recreávamos.
Divertíamo-nos a valer, mesmo que a dor fosse grande, mesmo que o nó apertasse
na garganta. Tínhamos o álibi perfeito: a juventude transbordando pelos poros e
o resto da vida pra resolver nossos problemas. E as canções ecoavam pelos
corredores do colégio, enrouqueciam nossas gargantas, mexiam ritmadamente com
nossos corpos. Porque além de cantar, dançávamos! E como era bom!
Senti saudades de você, meu amigo. Do Paulo implicante,
sarcástico, polêmico, instigante, crítico. Do Paulo que me ajudava com a
Matemática, do Paulo que de meu amigo tornou-se amigo de toda a família. Virou
filho dos meus pais e irmão da gente.
Lembro-me da sua provocação no primeiro dia de aula. Da
boina à Che Guevara, da bolsa a tiracolo do chinas pau, da melissa furadinha.
A canção é curta. A memória, entretanto, viaja por anos
enquanto a ouço.
Nada melhor do que a canção para me fazer ter vontade de
novamente tomar um café com você e rir despudoradamente.
Sorte que sua gargalhada é uma música que ouço ao vivo.
domingo, 22 de março de 2015
Descombinações III
A igreja do bairro oferecia cursos em sua obra social.
Podia-se aprender tricô, crochê, pintura, a fazer bonecas de pano e culinária.
Minha mãe frequentava alguns. Adorava quando era a aula de culinária.
Apesar de muito criança – devia ter seis, sete anos – fui
matriculada no curso de bordado. Era a maneira encontrada por minha mãe para
ocupar minhas tardes.
Recebi um pequeno retalho de tela, agulha e linha. Não havia
sentido naquilo pra mim. Descobri que estava aprendendo ponto de cruz. Não deu certo.
Depois veio o tricô. As meninas do bairro teciam sapatinhos.
Eu não!
O crochê só aumentou o desastre.
Mais uma vez, eu descombinava: era uma menina sem aptidão para
trabalho manuais.
Naquele tempo gostava de tecer histórias. Não as escrevia.
Mas o mundo da lua era meu lugar preferido.
sexta-feira, 6 de março de 2015
Descombinações II
Não falo palavrões. Em criança meus pais não permitiam e
quase não falavam pra dar o exemplo.
Agora não os falo por opção. Gosto de ter palavras outras na hora da
raiva, da dor.
Sempre me apontam como aquela que não fala palavrões. Acho
graça. Mais uma vez descombino.
Lembro-me de uma vez que fui pra escola vestindo amarelo e
rosa. Mais uma vez senti que não sabia
me vestir. Que combinação era aquela? Só aos meus olhos ela era bonita.
Cresci indo à missa todos os domingos, voltando para casa às
dez, não indo aonde não me era permitido ir.
Mas gostando de amarelo com rosa.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Descombinações
Quando menina, ouvia dizer que verde não combinava com azul.
Era mau gosto usá-los. Sentia-me mal por gostar de tal combinação. Passei,
então, a me considerar uma pessoa que não sabia se vestir. Sempre querendo a
opinião de outros.
O problema é que eu sempre gostava do que não era usual.
Chuva com granizo, vento de tempestade, silêncio ou música alta, palavras
bonitas.
Meus amigos sempre incomuns. Meio rebeldes, meio artistas,
bastante problemáticos, errados em quase tudo.
Eu descombinava de todos, mas os amava com paixão. Enquanto eles se
perdiam em suas inquietações, calava as minhas em folhas de caderno. Era a
certinha, a centrada. Mas adorava verde com azul.
domingo, 18 de janeiro de 2015
Minha história de amor
Para Manoel Francisco
Como toda mulher, gosto de filmes
românticos. Meus olhos brilham marejados pela emoção diante da tela. Tendo,
como outras, a idealizar a figura masculina depois de um bom filme de comédia
romântica. Nessas horas não acho par na realidade – afinal eles, os heróis, são
maravilhosos em tudo!
Mentira! Também tenho uma história de amor!
E mais: ela é palpável, concreta, real.
Há um sorriso na tela. Impecável. Daqueles
de filmes! Há um sorriso na minha
memória. Impecável. Inesquecível. O seu.
A primeira vez que o vi, não fui capaz de
perceber que havia chegado meu par, mas pude perceber um sorriso entre o tímido
e o envaidecido diante do meu olhar. A história apenas começava e nós nem
sabíamos o quanto ela seria intensa. Era apenas a apresentação das personagens
principais e nenhum outro autor poderia tê-la escrito com maior beleza.
Há um encontro na tela. Uma dificuldade de
admitir que algo pode mudar pra sempre suas vidas.
Encontram-se e desencontram-se.
É
assustador.
É desconcertante.
É definitivo.
Houve um primeiro beijo. Desajeitado,
preocupado, competitivo. Cada um do seu lado da página, tentando ser mais que o
outro.
Mas a história só começa depois do segundo,
porque esse – ao contrário do outro – foi desejado, ainda que o primeiro
tivesse sido. Entretanto do segundo, fugimos. Tivemos medo.
Desencontramo-nos por opção.
Há vilões nas histórias de amor. Surgem
quando não esperamos de onde nunca suspeitaríamos. Cena comum, sem
criatividade. As personagens aqui, todos sabem como são. Os mocinhos sofrem, a
plateia sofre, o coração se aperta.
Nossos vilões nunca puderam nos ver
separados, nunca puderam mudar nossa história, por um dia sequer. Existiram.
Tentaram. Não conseguiram.
Ainda não chegamos ao final. Somos felizes
a cada dia. Nossa história tem momentos difíceis, tem choro, raiva... sobretudo
tem amor!
Eu me emociono com histórias românticas,
paixões profundas! Gosto de me sentar em frente à tela e descansar vendo belas
paisagens, figurinos, atores e textos. Por que não?
Para vida real, entretanto, escolhi
escrever com você uma história inédita, passada apenas entre nós: há dias em
que as cenas são opacas, noutros escuras e em outros reluzentes. Há dias em que
desacreditamos da história, há outros em que queremos reescrevê-la.
A cada dia sempre, indubitavelmente,
escrevemos juntos as próximas cenas ou as próximas versões da nova história que
viveremos. Sempre melhores. Sempre nossas.
Sim. Ainda dizemos sim um para o outro.
Desde o primeiro olhar, desde
o primeiro encontro, desde o
primeiro beijo, desde o primeiro desencontro.
Estamos em cartaz, há vinte e cinco anos
sem ser sucesso de público. Os vilões mudaram. Existem, tentam. Não podem. No
momento servem para manter a plateia desperta. A história viva. Mesmo eles
sabem que têm papel secundário, afinal estamos na mesma página. Depois de muito
filme rodado, não há desencontros, há a certeza de que este filme é um
clássico! De que nós somos um.
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