terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sede




Quanto me faz falta
Não ter te amado loucamente
Não ter fugido contigo para outro planeta
Não ter rompido barreiras
Não ter enlouquecido por você
Quanto me faz falta
O gosto da sua pele
Da sua saliva
O som da sua voz
O toque da sua mão
O teu desejo louco
A tua paixão
Quanta falta me faz não ter vivido tudo
Até o fim
Até o infinito
Até ...

domingo, 28 de novembro de 2010

Azul



Anel de princesa
Veludo de filme
Jardim de violetas
Buquê de hortênsias
Vista da Serra dos Órgãos
Bonito mergulho na lagoa
Ararinha no espaço
Céu de lua nova
Blues etílicos
Índigo blues do Gil
Azulejar com Djavan
Bleu sem blanc ou rouge
Blau
Blu
Imensidão
Infinito
Firmamento
Mar

sábado, 27 de novembro de 2010

Vermelho



Corpos confundidos
Suores misturados
Toques sutis
Toques desesperados
Palavras sussurradas
Mordidas
Beijos
Tensão
Peito arfante
Prazer
Descontrole
Paixão

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Lilás




Depois do abraço
Depois do beijo
Depois do amor
Depois do incêndio da paixão...
A calma ligeiramente agitada
O transe do êxtase
A pele arrepiada
O corpo ainda trêmulo
A respiração sossegando
A púrpura flor desbotando.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mornidão


Não venta
Não faz calor
Não faz frio
Mar sem ondas
Dias sem tardes
Comida sem sal
Matas sem verde
Jardins sem flores
Olhar sem visão
Toque sem sentido
Boca sem teu beijo
Amor sem paixão
Paixão sem você
Eu, sem teu desejo

domingo, 21 de novembro de 2010

Secreto




Ah! Este amor que não me abandona
Não arrefece
Não desanima
Quando o dou por esquecido
Volta à tona

Ah! Amor segredado
Sussurrado em teus ouvidos
Quando o dou por perdido
Revela-se encontrado

Ah! Amor que soluça
Que aprisiona meus pensamentos
Que fere meus lábios com paixão
Que me queima a pele
Que destrói a razão!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pra sempre


Eu passei
Você piscou pra mim
Fingi que não vi


Eu passei
Você mexeu comigo
Sorri


Eu passei
Você falou comigo
Respondi


Eu passei
Você: “quer namorar comigo?”
Eu disse sim.


Agora
Você passou
Foi embora pra sempre
E eu?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A fuga.




Descemos a rua de mãos dadas. “E se alguém nos visse?” meu coração não parava de perguntar, mas apesar do medo que juntos respirávamos, estávamos decididos. Seria assim!

A escuridão da rua repleta de árvores, a neblina, o silêncio, nada nos assustava mais do que a possibilidade de sermos surpreendidos.

Apertávamos a mão um do outro. Olhávamos um pro outro. A cada olhar nossa certeza crescia.

Chegar até o final da rua, pegar um ônibus, sumir! Era só no que pensávamos. Com certeza daríamos uma resposta a todos que queriam nos impedir de vivermos uma grande história de amor.

O ônibus surgiu no meio da madrugada fria com grandes faróis acesos. Olhamo-nos com a felicidade estampada em nossos rostos. Conseguiríamos!

Entramos juntos, ao mesmo tempo, quase correndo. O motorista sorriu. “Cuidado se não quebra!” Não entendi. Não importava, porém. Estávamos a alguns minutos de ganhar o mundo, a liberdade de sermos felizes.

Uma ambulância passou por nós em disparada. Tive pena de quem precisava dela àquela hora, mas não deixei que isso roubasse minha alegria. Debrucei minha cabeça no ombro do meu amor e senti-o me abraçar com uma ternura inédita. Mais uma vez nossos olhos revelavam todo o sentimento de nossos corações.

A ambulância estava na rodoviária, algumas pessoas se aglomeravam. Certamente alguém se acidentara e devia estar caído por ali.

Saímos do ônibus. O motorista mais uma vez sorriu “Você devia tê-lo embrulhado, ficaria mais protegido.” Pensei: “embrulhar o quê?” Na calçada um estranho homem aproximou-se e se ofereceu para levar nossas bagagens. Aceitamos. Estávamos cansados com a correria.

Gentilmente nos levou até o ônibus e nos acomodou. Partimos! Estava feito! Ninguém mais impediria a nossa felicidade...



- Você viu? Era ela!

- Ela quem?

- A mulher do espelho.

- Aquela que anda com um espelho dizendo que é o noivo dela?

- Essa!

- Dizem que ficou louca ao ser abandonada no altar. A família não aceitava o casamento e deu dinheiro pro noivo fugir.

- Nossa! Coitada...

_ Já faz muito tempo, mas até hoje ela tenta realizar o sua história de amor.

sábado, 13 de novembro de 2010

Recado - Ao amigo Paulo Francisco no seu aniversário!




Abra a janela
Respira fundo
Vê o lindo presente da vida
O ar cheira a flor
A mata está colorida


Abra o peito
Respira fundo
Há possibilidades infinitas
Tua existência é única
Deixa este tambor cordial ribombar


Abra a boca
Solta a voz
Permita ser conhecido
Não deixes nada escondido
Liberta tua alma
Escreve tuas linhas
Permita ao sol entrar


- Por acaso não és poeta?
Tua missão é cantar.


Canta se choras
Canta se sofres
Canta se alegre estás
Quando o canto enrouquecer
Canta !
Pois quem te ama
Adora ver-te cantar.

Singeleza




Quero bailar contigo

Fazer para ti algo surpreendente

Quero bailar contigo

Viver contigo apaixonadamente

Quero bailar contigo

Perder-me de prazer sobejamente

Quero bailar contigo

Beijar-te o corpo demoradamente

Quero bailar contigo

Viver cada momento intensamente

Quero bailar contigo

E ser sua eternamente!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Inveja




Sem ser convidada, chegou.
Estabeleceu-se senhora de si
Tanto para olhar
Tanto para desejar
Tanto para ter...
Contorceu-se.
Verteu das entranhas um sumo gosmento
Adesivou sua fome nos incautos
Transformou pessoas em víboras.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ciúme




O veneno primeiro contaminou o sangue
Gota a gota, silenciosamente, espalhou-se
Tornou os olhos inquietos
O sorriso desconfiado
As palavras ferinas
Impôs ao peito uma dor cruel
À mente uma loucura infinda
À alegria, desconfiança...
Os passos antes firmes
Vacilaram
As mãos antes solidárias
Claudicaram
O amor antes eterno
Pereceu.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Natural


No verão,


O ribombar das nuvens no céu

Os raios flamejantes no horizonte

As fortes chuvas sobre minha vidraça

A água escorrendo farta sobre as sarjetas

O colorido arco-íris no final da tempestade

O sol que queima o meu corpo impiedosamente

A sombra prazerosa das árvores

Lembram-me de ti



No outono,

A claridade ofuscante do dia

As folhas bailando ao vento

O vento tocando em meu corpo

O azul infinito do céu

O límpido luar sobre as montanhas

Lembram-me de ti



No inverno,

A fina chuva que cai

O intenso frio que machuca

O vinho que embriaga

O fogo que aquece

Lembram-me de ti



Na primavera,

A exuberância das cores

A beleza das flores

O canto dos pássaros

O sol e as gotas da chuva

Lembram-me de ti



Em ti, todos os meus sentidos são tempestades

Enchentes incontroláveis de desejo

Gritos inaudíveis

Faíscas intermináveis de paixão

Calmaria de prazer



Em ti, clareio, esclareço quem sou

Sou livre, solta no tempo

Montanhas de segredos revelados

Límpida vista de mim

Prisma multicor



Em ti, me aconchego

Fujo, aninho-me

Embriago-me de tudo que és



Em ti, sou múltipla

Inédita,

Rara

Inauguração

Recomeço

Sou o que sou.

domingo, 7 de novembro de 2010

Esperança



Arrumei-me toda
Vesti-me de esperança
E fui para a janela
Debrucei-me sobre as flores
Da mais bela jardineira
Afinei minha voz
Cantei a alegria
Expulsei a tristeza
Refleti a luz do dia

Coloquei grinaldas de felicidade
Um anel de diamantes
Ofusquei toda a vizinhança
Fiquei toda vaidosa
Colhi até uma rosa
Vesti-me de esperança

O dia tornou-se noite
E eu brilhava mais que as estrelas
A lua se escondeu
Quando viu minha beleza
Mas meus olhos ficaram cansados
De olhar para o portão
Pra você, o cenário mais lindo
Por você tornei-me a mais bela
Vesti-me de esperança
Mas você não veio.

Romantismo




Meu coração vagueia
Entre o passado e o futuro
Quer mundos que não pode ter
Suspira
Sonha
Evade-se
Ultra-romântico coração
Deprime-se com o presente
Cavalheiresco
Herói
Medieval
Meu coração vagueia
Noturno
Taciturno
Por caminhos de ilusão
Meu coração é vasto
Imenso, infinito
Cabem nele mundos distantes
Imaginários ou reais
Nele há o verso mais bonito
O verso ainda não dito
O amor sofrido
Aquele não vivido
Toda a dor, todos os ais.
Neste hipertrofiado músculo
Cabe todo o universo...
Mas não cabe a razão.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Epitáfio


Dos meus mortos
A lembrança
que mais dói
é a do meu pai.
Seja por sua força
Seja por sua ternura
Seja por sua amizade
Seja por sua sabedoria
Seja por seu desprendimento
Seja por seu amor
distribuído generosamente entre todos...
Seu Sebastião
Seu Tião
Tião.
O enorme coração onde cabia todos
traiçoeiramente o levou cedo demais
Ficou a dor
A saudade
do som da sua voz
gravado em meus ouvidos
da doçura do abraço apertado
marcado em meus sentidos
Dos seus gostos preferidos
Da imensa alegria
de chamá-lo de pai e ouvi-lo responder.


- Pai! A falta de resposta dói demais!