domingo, 22 de março de 2015

Descombinações III




A igreja do bairro oferecia cursos em sua obra social. Podia-se aprender tricô, crochê, pintura, a fazer bonecas de pano e culinária. Minha mãe frequentava alguns. Adorava quando era a aula de culinária.
Apesar de muito criança – devia ter seis, sete anos – fui matriculada no curso de bordado. Era a maneira encontrada por minha mãe para ocupar minhas tardes.

Recebi um pequeno retalho de tela, agulha e linha. Não havia sentido naquilo pra mim. Descobri que estava aprendendo ponto de cruz.  Não deu certo.

Depois veio o tricô. As meninas do bairro teciam sapatinhos. Eu não!
O crochê só aumentou o desastre.


Mais uma vez, eu descombinava: era uma menina sem aptidão para trabalho manuais. 

Naquele tempo gostava de tecer histórias. Não as escrevia. Mas o mundo da lua era meu lugar preferido.




2 comentários:

  1. Já estou aqui esperando IV rs. Adoro essas descombinações!
    beijogrande

    ResponderExcluir
  2. Engraçado como estas descombinações se proliferam.
    Bem sabemos porque elas acontecem, e suas mãos estava sendo preparadas para outra arte a mais linda delas.
    Carinhoso abraço amiga de longas datas.
    Bom saber voce por aqui soltando suas poesias e sentimentos.

    ResponderExcluir