sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Taciturna









A escuridão a excitava. Gostava das sombras e de imaginar monstros sob a silhueta da lua.
Não tinha medo. Nunca teve. Conversava por horas com figuras imaginárias, criadas pelo jogo de luz e sombras no jardim.
Se havia névoa, melhor! Tudo parecia mais misterioso. Seu coração, então, disparava. Era tanto pra imaginar!
Cresceu assim: apegada à solidão. Amiga das fases lunares. Brincando de esconde-esconde com a neblina. Contando segredo às formas sombrias.
Ser estranho, canhoto, enigmático.
Mudou-se. Na cidade, perdeu o luar. As sombras eram traiçoeiras. Como agora imaginar? Onde agora se esconder?
Virou poetisa. Submergiu no mundo das palavras.  Oculta-se em metáforas, joga com antíteses, cria raras rimas.
O coração, de novo, dispara: ritmadamente!


Ser estranho, canhoto, enigmático...




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